Não podemos nos calar diante desse verdadeiro atentado à democracia, que é a decisão do TRE – RJ de proibir que seja mostrado no horário eleitoral, o vídeo onde Cabral, numa cerimônia pública de governo, confraterniza com os chefes da milícia Liga da Justiça, Natalino e Jerominho.
Sempre digo que quando um homem público se apresenta seu passado vai na frente. É o seu cartão de visitas. Essa decisão confirma que está se institucionalizando a censura no Rio de Janeiro. Lembrem, que anteriormente, alegando que era “invasão da privacidade do casal (Cabral e Adriana)”, o TRE já havia proibido que fosse mostrado na televisão que a mulher de Cabral é advogada do Metrô, da Supervia, da Telemar e por aí vai.
Estão querendo passar uma borracha no passado. Isso só vê nas piores ditaduras. Decisões como essas impedem o povo de saber a verdade, quem são os amigos de Cabral, esses não mais ocultos. A história não pode ser apagada.
Cabral está apavorado com a repercussão das suas ligações, primeiro com o traficante Nem, da Rocinha, e depois, com a milícia da Zona Oeste. Cabral sabe o estrago que esse episódio está causando na sua campanha, porque expõe a farsa da pacificação.
Um governador confraternizar com milicianos, com pessoas ligadas ao tráfico, freqüentar festas de bandidos na Zona Oeste. Isso é aceitável? Imaginem se fosse eu. Certamente já teria sofrido impeachment, com a mídia inteira me massacrando. Como é Cabral, a mídia acha tudo normal e não dá uma linha.
Estão querendo calar a verdade e, à força, fazer a mentira vencer. Isso que está em jogo hoje, na eleição do Rio de Janeiro, a mais anti-democrática desde o fim da ditadura militar. As instituições continuam caladas, surdas e cegas. É preciso reagir, lutar contra essa afronta à democracia. Precisamos mais do que nunca mostrar ao povo a verdade, que lhe está sendo escondida e sonegada.
Me recordo aquela edição história do saudoso JB, quando foi decretado o AI – 5. Para driblar a censura colocou na primeira página uma previsão da meteorologia falando de nuvens carregadas sobre Brasília, numa metáfora, numa alusão ao fechamento do regime. No Rio de Janeiro hoje, podemos dizer que o céu está cada vez mais carregado, com nuvens negras, se nada mudar, a previsão é de chuvas e trovoadas, um temporal arrasador para a democracia e para o futuro do nosso estado.